- 31 de março de 2025
- Posted by: admin
- Category: Acessibilidade, Elevadores

A digitalização de sistemas urbanos e corporativos avança rapidamente, transformando setores tradicionalmente mecânicos em ambientes mais inteligentes e conectados. Nesse contexto, os elevadores, presentes em edifícios residenciais, comerciais e industriais, passam a incorporar soluções da Internet das Coisas (IoT) para aprimorar sua operação, segurança e integração com outros sistemas prediais.
A adoção da IoT em elevadores representa uma evolução silenciosa, porém significativa, na forma como esses equipamentos são monitorados, mantidos e utilizados.
Monitoramento em tempo real e manutenção preditiva
Um dos principais benefícios da IoT em elevadores está no monitoramento contínuo de desempenho. Por meio de sensores embarcados, os equipamentos enviam dados em tempo real para plataformas na nuvem, permitindo o acompanhamento remoto de parâmetros como velocidade, número de viagens, temperatura do motor e eventuais falhas de funcionamento. Com isso, as equipes técnicas conseguem antecipar problemas antes que eles se tornem críticos.
Essa abordagem, conhecida como manutenção preditiva, substitui modelos tradicionais de inspeções periódicas ou atendimentos emergenciais. Em vez de aguardar que uma falha ocorra, os dados coletados possibilitam prever desgastes, sugerir trocas de componentes e reduzir paradas inesperadas. Para condomínios, administradoras e empresas de manutenção, isso se traduz em maior eficiência operacional e menor custo com reparos urgentes.
Segurança reforçada para usuários e técnicos
Além da melhoria na gestão técnica, a IoT contribui diretamente para a segurança dos passageiros. Sistemas inteligentes identificam comportamentos fora do padrão, como travamentos frequentes ou oscilações no tempo de resposta entre andares. Em situações de emergência, como quedas de energia ou panes, os sensores ajudam a localizar rapidamente o elevador e a informar equipes de resgate com precisão.
Do ponto de vista dos profissionais responsáveis pela manutenção, a conectividade também representa mais proteção. Ao receber informações detalhadas sobre o estado do equipamento antes de uma visita técnica, é possível preparar ferramentas e peças adequadas, reduzindo o tempo de exposição a ambientes de risco e minimizando falhas humanas.
Eficiência energética e sustentabilidade
A Internet das Coisas também viabiliza uma gestão mais consciente do consumo energético dos elevadores. Equipamentos conectados podem ajustar automaticamente seu modo de operação conforme o fluxo de uso. Em horários de menor demanda, por exemplo, alguns modelos reduzem a frequência de partidas ou operam em modo econômico.
Esse tipo de automação contribui para edifícios mais sustentáveis e alinhados às normas de eficiência energética. Em edifícios corporativos de grande porte, os ganhos são expressivos: menor consumo, redução da conta de energia elétrica e menor impacto ambiental. Assim sendo, esses dados podem ser integrados a sistemas de gestão predial (BMS), ampliando a visibilidade sobre o consumo geral da edificação.
Experiência do usuário mais fluida e personalizada
Com a conectividade, os elevadores deixam de ser apenas meios de transporte vertical e passam a fazer parte de uma experiência integrada no edifício. Sensores de presença, painéis interativos e até reconhecimento facial estão sendo incorporados para tornar o uso mais ágil e adaptado ao perfil de cada usuário.
Em edifícios corporativos, por exemplo, a IoT permite que o sistema reconheça o crachá de um colaborador ao entrar no prédio e já direcione o elevador para o andar correspondente. Em hotéis, a leitura do cartão de acesso pode determinar quais andares estão liberados para cada hóspede, reforçando a segurança e agilizando o deslocamento. Essa integração entre sistemas internos e o elevador reforça a personalização do atendimento, tendência crescente em ambientes inteligentes.
Integração com smart buildings e cidades conectadas
A evolução dos elevadores com IoT não acontece de forma isolada. Ela faz parte de um movimento mais amplo de cidades e edifícios inteligentes, onde equipamentos, sensores e sistemas se comunicam entre si. Elevadores passam a dialogar com centrais de energia, sistemas de climatização e redes de segurança, compondo um ecossistema coordenado.
Essa integração facilita, por exemplo, evacuações em situações de emergência. Em casos de incêndio, o sistema pode automaticamente enviar o elevador para o térreo, liberar portas e informar rotas de fuga, tudo em sincronia com alarmes e detectores de fumaça. Da mesma forma, durante blecautes ou quedas de tensão, a IoT pode redirecionar energia de backup para garantir o funcionamento do equipamento por tempo limitado, priorizando acessibilidade e segurança.
Tendências para os próximos anos
O mercado de elevadores inteligentes com tecnologia IoT tende a crescer significativamente nos próximos anos, impulsionado por demandas de modernização predial e pela busca por eficiência. Segundo estimativas de consultorias do setor, a digitalização desse tipo de equipamento já é uma prioridade em projetos de retrofit e em novas construções de médio e alto padrão.
Entre as tendências que devem ganhar força estão a adoção de inteligência artificial para interpretação dos dados coletados, sistemas autônomos de autoavaliação e autoajuste e a integração com plataformas de mobilidade urbana. A ideia é que elevadores, escadas rolantes e sistemas de transporte público compartilhem dados para otimizar rotas, reduzir congestionamentos e ampliar a acessibilidade urbana.
Outro ponto em evidência é o uso de aplicativos móveis como interface de controle. Usuários poderão chamar o elevador pelo celular, selecionar andar, receber alertas sobre manutenção ou até agendar o transporte em horários específicos. Essa descentralização do comando coloca mais controle nas mãos do usuário, favorecendo a autonomia e a praticidade.
Desafios e cuidados necessários
Apesar dos avanços, a implementação da IoT em elevadores também exige atenção. A conectividade constante implica riscos de cibersegurança. Como os sistemas estão ligados à internet, é fundamental que estejam protegidos por criptografia, autenticação em múltiplas etapas e atualizações frequentes de software. A segurança da informação deve ser tratada com o mesmo rigor da segurança física dos equipamentos.
Com efeito, a coleta e o uso de dados sensíveis — como registros de acesso, preferências de usuário e horários de utilização — impõem a necessidade de conformidade com leis de proteção de dados, como a LGPD no Brasil. A transparência quanto ao uso dessas informações e o consentimento dos usuários tornam-se obrigatórios em ambientes cada vez mais conectados.
Outro desafio envolve a capacitação técnica das equipes responsáveis pela manutenção. A integração da tecnologia exige habilidades que vão além da mecânica tradicional, incluindo conhecimentos em redes, programação básica e interpretação de dados. O investimento em formação profissional será essencial para que a tecnologia seja plenamente aproveitada.
Planejamento e investimento
A Internet das Coisas está transformando silenciosamente os elevadores em plataformas inteligentes, capazes de dialogar com todo o ecossistema predial. Os benefícios são diversos: mais segurança, menor custo com manutenção, eficiência energética e uma experiência de uso mais personalizada.
As tendências apontam para um futuro em que esses equipamentos desempenharão papel ativo nos edifícios e nas cidades, contribuindo para uma mobilidade mais fluida, segura e sustentável.
No entanto, para que essa revolução ocorra de forma equilibrada, é necessário planejamento, investimento em infraestrutura digital e preparo técnico das equipes envolvidas. A tecnologia já está disponível — o desafio, agora, é colocá-la a serviço de uma gestão mais eficiente e de uma vida urbana mais conectada.
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