- 11 de dezembro de 2020
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Na mudança de moradia temos que detectar riscos, em especial os que impactam na saúde emocional de todos os envolvidos. A busca por casas acessíveis, adaptadas ou residências térreas pode tornar-se um problema se, não levado em consideração, alguns fatores como a individualidade.
É importante sempre levar em consideração a segurança e as demais alternativas de moradia, seja permanecendo na mesma casa com cuidador, seja mudando para casa de parentes que atuariam como tal, ou considerando experimentar o compartilhamento de espaços em instituições. De qualquer forma, deve-se pesar os riscos, sobretudo emocionais, para elencarmos ao local que chamamos de lar.
Sempre caracterizamos nossa moradia com elementos que nos são caros, revelando nossa personalidade. Se fosse possível conhecer por dentro todos os apartamentos iguais de um edifício residencial, veríamos claramente as diferenças no modo de apropriação, não apenas na distribuição dos móveis e em seus formatos. Também há cores, texturas, objetos complementares em adereços, luminárias, cortinas e tapetes, além da dinâmica na ordem de manutenção diária.
Portanto, cada indivíduo e o grupo familiar que o envolve mantém um modo de viver e determina suas rotinas. Isso prova que temos modos diferentes de olhar um lugar como próprio e ilustra como escrevemos nossa história e definimos nossa cultura. Mudanças de lugar devem manter as características marcantes que envolvem o idoso, garantindo que suas lembranças o acompanhem, facilitando a adaptação.
A paisagem mudará e isso é incontrolável. Ruídos podem mudar, trazendo mais paz ou, até, silêncio excessivo, que pode até gerar medo e expectativa. Mas a janela continuará sendo o contato com o mundo externo, com as mudanças da natureza ou das visões da cidade, com oportunidades de novas relações com pares ou intergeracionais. Aqui cabe falar do conceito conhecido como aging in place, no qual se considera importante a manutenção da familiaridade com o entorno do bairro, da vizinhança e da dinâmica antes vivenciada, fator que pode garantir bem-estar e segurança emocional.
Há propostas de se criarem núcleos na malha urbana que mantenham vizinhanças conhecidas, criando diferentes equipamentos de moradia de acordo com as necessidades especiais. Haveria a mudança somente de endereço mas o bairro seria o mesmo, tornando o impacto menos significativo. Em cidades complexas é uma solução de difícil implantação, pois exigiria intervenções a médio e longo prazo em construções e reformas para viabiliza-la.
Quando as mudanças são necessárias as rotinas consolidadas também vão mudar, mas que essa mudança se estabeleça de modo controlado, evitando a sensação de inutilidade, de dependência ou de medo pela falta de autonomia ao não haver reconhecimento do lugar. Um detalhe pode ser a sutil diferença entre um endereço e outro, desde que o conceito de lugar se mantenha, junto com as marcas que deixamos ao longo da vida.
Outra alternativa é adaptar a residência com os devidos cuidados para segurança e qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida. Inclusive, adaptações de acessibilidade de circulação vertical como plataformas, elevadores e cadeiras elevatórias.
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